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Bitcoin não é bolha

 

Bitcoin não é bolha

Por Luiz Cezar Fernandes, sócio da GRT Partners, fundador dos Bancos Garantia e Pactual

Na conferência de Bretton Woods em 1944, os EUA, tornando-se hegemônico, impuseram ao mundo o dólar como novo “padrão-ouro” e assim convencionou-se o “padrão dólar-ouro” com a aceitação dos demais países. Ou seja, os EUA se prontificaram a trocar seus dólares a qualquer momento em ouro.

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A maioria dos países não implementou o “padrão-ouro”, portanto suas moedas sofrem grande volatilidade, o que ocorre hoje com o bitcoin. Em 1971, houve uma corrida de conversão de dólar por ouro e Nixon decide então acabar com o “padrão-ouro”, mas faltava uma sustentação para o dólar.

Carlos Andrés Pérez (mentor da OPEP, criada 1960) e o governo Nixon acordaram que toda transação de petróleo da organização com o mundo, teria que ser efetuada em dólares americanos, o que deu a sustentabilidade ao dólar, em substituição ao ouro.

Onde está o lastro do bitcoin? Em função do excesso de regulamentação do sistema financeiro, a fim de coibir lavagem de dinheiro (dinheiro de corrupção, tráfico de armas, drogas, etc), criou-se uma demanda por um mecanismo que “bypassasse” essa regulamentação excessiva.

Enquanto não se fechar o ciclo de compra e venda desses ativos por bitcoin, este terá mais demanda do que oferta. A tendência do ciclo é se fechar em si, ou seja, quando se puder comprar e vender drogas, armas, fazer lavagem de dinheiro com o bitcoin, ele vai encontrar equilíbrio e sustentação. Daí o surgimento do seu lastro e sua perenidade.

No caso do petróleo, todos os países que tentaram quebrar as transações de petróleo e dólar por outras moedas, foram aniquilados pelo governo americano, como por exemplo: Saddam, Kaddafi, Mubarak (Primavera Árabe). Estes ofereceram transacionar seu petróleo em euro, o que desestruturaria totalmente o dólar, razão da intervenção americana para queda de suas ditaduras.

Hoje, o grande desafio para os Estados Unidos é impedir que haja a quebra da sustentação de sua moeda com a compra do petróleo. Caso a China tenha sucesso na compra do petróleo com a sua moeda, o yuan, isso afetará diretamente o dólar.

Portanto, o bitcoin estará transitando ao largo dessa grande disputa entre os EUA e a China, ocupando o espaço transacional independente de um lastro de sustentação, como ocorreu com o dólar. Continuarão crescendo as transações em bitcoin com grande volatilidade. Este crescimento será irreversível diferentemente do dólar que se mantém estável, onde o que oscila gravemente é a âncora do dólar, ou seja, o petróleo e não a moeda.

Países agrícolas como o Vietnã, tendem a ter uma moeda estável pois sua âncora são os produtos agrícolas. No caso da União Europeia, a âncora do euro é o superávit comercial europeu com o resto do mundo. Veja que neste dois casos, ambos têm uma âncora para suas moedas.

O Nepal, em contra partida, não tem nenhuma âncora: petróleo, produtos agrícolas, etc. Sua moeda oscila gravemente assim como ocorre hoje com o bitcoin, não sendo bolha. Este último, encontrará seu lastro, certamente com os três produtos sistematizados: lavagem de dinheiro, tráfico de droga e corrupção.

No entanto, o bitcoin nunca substituirá uma moeda de pagamento legal, mas referência permanente.


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